CIRROSE
A
cirrose é uma doença crônica caracterizada por substituição do tecido hepático
normal por fibrose difusa que rompe a estrutura e a função do fígado. Existem
três tipos de cirrose ou cicatrização do fígado:
- Cirrose alcoólica, na qual o tecido cicatricial circunda as áreas porta de maneira característica. É causada com maior freqüência pelo alcoolismo crônico e é o tipo mais comum de cirrose.
- Cirrose pós-necrótica, em que existem faixas largas de tecido cicatricial. É um resultado tardio de um surto prévio de hepatite viral aguda.
- Cirrose biliar, na qual a cicatrização acontece no fígado ao redor dos ductos biliares. Comumente, esse tipo de cirrose resulta da infecção (colangite) e obstrução biliar crônica; é muito menos comum que os dois outros tipos.
A
parte do fígado principalmente envolvida na cirrose consiste nos espaços porta
e periporta, onde os canalículos biliares de cada lóbulo se comunicam para
formar os ductos biliares hepáticos. Essas áreas transformam-se nos sítios de
inflamação, e os ductos biliares ficam ocluídos pelo pus e pela bile espessada.
O fígado tenta formar novos canais biliares; portanto, existe um crescimento
excessivo de tecido constituído em grande parte de ductos biliares
desconectados e recentemente formados e circundados por tecido cicatricial.
As
manifestações clínicas incluem a icterícia intermitente e febre. A princípio, o
fígado mostra-se aumentado, endurecido e irregular, porém, mais adiante ele
sofre atrofia.
Embora
vários fatores tenham sido implicados na etiologia da cirrose, o consumo de
álcool é considerado o principal fator etiológico. A cirrose acontece com
freqüência máxima entre as pessoas com alcoolismo. Embora a deficiência
nutricional com a ingesta protéica reduzida contribua para a destruição
hepática na cirrose, a ingestão excessiva de álcool é o principal fator
etiológico no fígado gordo e em suas conseqüências. No entanto, a cirrose
também acontece nas pessoas que não consomem álcool e naqueles que consomem uma
dieta normal e apresentam uma ingesta elevada de álcool.
Algumas pessoas parecem ser mais
suscetíveis que outras para essa doença, quer tenham alcoolismo, quer estejam
desnutridas ou não. Outros fatores podem desempenhar alguma função, incluindo a
exposição a determinadas substâncias químicas (tetracloreto de carbono,
naftalina clorado, arsênico ou fósforo) ou esquistossomose infecciosa. Os
homens são duas vezes mais afetados que as mulheres, embora, por motivos
desconhecidos, as mulheres estejam em risco mais elevado para o desenvolvimento
da doença hepática induzida por álcool.
A
cirrose alcoólica caracteriza-se por episódios de necrose envolvendo as células
hepáticas, os quais, por vezes, ocorrem repetidamente durante toda a evolução
da doença. As células hepáticas destruídas são gradualmente substituídas por
tecido cicatricial. Mais adiante, a quantidade de tecido cicatricial excede aquela
de tecido hepático funcionaste. As ilhas de tecido normal residual e tecido
hepático em regeneração podem projetar-se a partir de áreas restritas, dando ao
fígado cirrótico sua característica aparência de cravo. Comumente, a doença
apresenta um início insidioso e uma evolução lenta, prosseguindo ocasionalmente
durante um período de trinta ou mais anos.
FONTE: ROBBINS & COTRAN, 2010.
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